Tal como um robô à escala macroscópica, um robô à escala do nanómetro terá que ter sensores para que se possa orientar, algum tipo de mecanismo de controlo, actuadores e mecanismos de propulsão para que se possa mover e capacidade de comunicar com outros agentes. Porém, esta mudança de escala não permite a cópia directa das estruturas e estratégias utilizadas nos macrorrobôs. À escala do nanómetro, a matéria não se comporta como à escala macroscópica, onde os processos quânticos imperam. Para projectar e construir um nanorrobô é necessário conceber cada um dos componentes utilizados, bem como o seu funcionamento, de acordo com as leis da Mecânica Quântica. Ao contrário do que possa parecer, esta realidade não constitui um constrangimento. Pelo contrário, abre todo um universo de novas possibilidades.
Actualmente ainda não existem sensores artificiais verdadeiramente à escala do nanómetro. Já se projectaram e construíram aparelhos que exploram a alteração de condutividade em nanotubos e nanofios quando estes são expostos a substâncias específicas, porém ainda não se conseguiu fazer um verdadeiro nanossensor. A sensibilidade a diferentes espécies químicas pode ser conseguida ligando certos grupos químicos aos sensores. Apesar dos tubos e fios utilizados nestes sensores terem vários micrómetros de comprimento pensa-se ser possível torná-los mais pequenos mantendo as suas capacidades sensoriais.
Os sensores químicos utilizados nos cantilevers dos microscópios são muitas vezes chamados de nanossensores, apesar destes serem micro-aparatos. Estes sensores fazem principalmente uso de dois mecanismos:
Pensa-se ser possível miniaturizar estes mecanismos fabricando um nano-cantilever. Já foram desenvolvidos cantilevers com frequências de ressonância de 1 GHz, porém estes ainda são demasiado grandes para poderem ser considerados nanossensores.
Por sua vez, já foi demonstrada a possibilidade de conceber pontas de prova fluorescente com dimensões à escala do nanómetro. Estas pontas de prova podem ser injectadas em células e relatar as concentrações de substâncias químicas dentro destas. É de notar que a ponta de prova per se não é um sensor, pois esta requer uma fonte de luz e um detector de fluorescência, ambos dispositivos macroscópicos dificilmente miniaturizáveis. Este facto torna complicado a sua transformação em nanorrobôs autónomos ou semiautónomos.
Uma das hipóteses mais promissoras é aquela que defende que uma alteração da forma de uma proteína durante o processo de binding (ligação) pode ser utilizada para reconhecer certas substâncias químicas. Com efeito, a ligação de uma substância química específica reconhecida por uma proteína causa um movimento tipo dobradiça, que resulta numa alteração da distância entre a componente electricamente activa e um eléctrodo, podendo detectar-se esta alteração electricamente.
As bactérias, por exemplo, podem utilizar sensores para este tipo de estímulos, fazendo, por exemplo, uso de campos magnéticos, o que permite interactuar com estas a distâncias muito superiores aquelas que caracterizam o "contacto químico".
As máquinas moleculares naturais estão por toda parte - são elas que fazem os nossos músculos moverem-se. Mas construir máquinas moleculares artificiais não se circunscreve à miniaturização dos processos de fabrico à escala macroscópica, dada a natureza quântica dos processos à escala do nanómetro.
O objectivo destas máquinas é mover de uma forma controlada átomos ou grupos de átomos. Estas máquinas serão moléculas simples ou sistemas supramoleculares constituídos por várias moléculas interligadas. Em qualquer dos casos será necessário projectar estas máquinas por forma a que cada um dos seus átomos tenha uma função pré-determinada, em função da sua "localização" relativamente aos outros átomos na molécula. As máquinas moleculares poderão ser alimentadas electricamente, opticamente ou quimicamente. As mais interessantes máquinas moleculares sintetizadas até hoje são pequenas moléculas orgânicas movidas através de luz: um shuttle linear e um motor de rotação. Sob a radiação de um determinado comprimento de onda na gama do visível, uma parte da molécula de Feringa (o rotor), gira continuamente em relação a uma parte fixa (o stator) em torno do carbono (ligação dupla de carbono, no centro da figura). O movimento de rotação divide-se em quatro etapas:
As máquinas moleculares são deveras interessantes, mas, na sua forma actual, apresentam alguns inconvenientes do ponto de vista das suas aplicações em nanossistemas.
Exemplos de biomotores são moléculas de proteínas que convertem energia química em energia mecânica sob forma de movimento. Estas moléculas são responsáveis pelos movimentos básicos de muitos sistemas biológicos, como é o caso dos nossos músculos. A actomiosina é um exemplo de um biomotor. Nesta molécula a actina funciona como uma "pista" sobre a qual a miosina se "desloca" enquanto vai consumindo energia química produzida através da hidrólise do ATP.
Os biomotores são verdadeiras obras-primas da natureza. Têm cerca de 100 nm de tamanho, o que é milhares de vezes inferior ao tamanho de qualquer motor construído pelo
Homem.
Apesar deste tipo de motores poderem ser ligados a superfícies estão mais próximos de poderem ser utilizados do que as máquinas moleculares sintéticas. No entanto também apresentam alguns problemas.
Já foi demonstrada a possibilidade de construir outro tipo de nanomáquinas maiores e diferentes das acima descritas. Dentro destes dispositivos, o mais interessante será talvez o nanotweezer. Esta nanomáquina é simplesmente um polímero orgânico sintético desenhado para funcionar como uma "nanopinça". Baseada na tecnologia MEMS (Micro-Electro-Mechanical Systems), esta pinça é constituída por dois nanotubos de carbono ligados a eléctrodos de metal existentes em lados opostos de uma agulha de vidro com um mícron de grossura. Aplicando uma diferença de potencial aos nanotubos a pinça pode fechar ou abrir, permitindo a manipulação de clusters ou fios à escala do nano.