Para que uma substância possa ser um cristal líquido, num certo intervalo de temperaturas, é necessário que as suas moléculas tenham uma forma não esférica – basicamente uma de duas (apesar da literatura estar cheia de formas ainda mais exóticas):
neste caso os cristais líquidos dizem-se calamíticos,
neste caso os cristais líquidos dizem-se discóticos.
As moléculas dos cristais líquidos não têm a disposição completamente ordenada dos sólidos cristalinos, nem estão espalhadas ao acaso como nos líquidos normais (isotrópicos). O que as caracteriza é apontarem segundo uma direcção preferencial, a que se chama o director. Podem, além disso, estar ordenadas posicionalmente em uma ou duas (mas não três) dimensões. As diferentes fases dos cristais líquidos caracterizam-se por diferentes combinações de ordem posicional e orientacional.
Estes arranjos moleculares alteram de formas diferentes a polarização da luz que os atravessa. Essas alterações, características de cada arranjo, produzem padrões de uma rara beleza chamados texturas, alguns dos quais podem ser vistos na galeria dos cristais líquidos, e que podem ser usados para identificar os arranjos moleculares que lhe deram origem.
Uma mesma substância pode apresentar várias fases líquido-cristalinas, para além do sólido cristalino e do líquido isotrópico habituais. Se estas transições se dão ao variar-se a temperatura, o material mesomórfico em questão diz-se termotrópico; se, por outro lado, se dão ao variar-se a concentração do material num dado solvente, aquele diz-se liotrópico. Mais recentemente, sintetizaram-se cristais líquidos que podem ter comportamento tanto termotrópico como liotrópico, e que se dizem anfotrópicos.
A figura ao lado ilustra a perda gradual de ordem orientacional ao aumentar-se a temperatura (termotrópicos) ou diminuir-se a concentração (liotrópicos). Um dado material mesomórfico pode, inclusivamente, passar por várias fases líquido-cristalinas: Por exemplo, a substância da figura abaixo passa da fase sólida cristalina para a esmética C, dela para a nemática e daí para a fase líquida isotrópica.
Um exemplo (simulação) de transição de fase, do nemático para o esmético A, pode ser visto no seguinte vídeo (source), onde o campo superior mostra a posição do centro de cada molécula e o campo inferior mostra a molécula.
O efeito da temperatura na alteração dos padrões de interferência de uma amostra do composto:
ao serem atravessadas as diferentes transições de fase, podem ser vistos nos seguintes vídeos: vídeo 1 – aumentando a temperatura, vídeo 2 – diminuindo a temperatura (source).
Convém realçar que vários cristais líquidos apresentam múltiplas fases quando passam do estado sólido ao líquido. Por exemplo, não é incomum observar materiais que passam do estado sólido cristalino, para a fase esméctica C, de seguida esméctica A, de seguida nemática e por fim ao estado líquido. A substância seguinte é um desses exemplos: