A ausência de resistência eléctrica dos supercondutores sugere um mecanismo do tipo condensação de Bose-Einstein. Mas os electrões têm spin semi-inteiro e obedecem à estatística de Fermi-Dirac, que é radicalmente diferente da estatística de Bose-Einstein. Uma tentativa de explicar a condensação de electrões considera a formação de pares de partículas. O spin de um par de electrões ligados é dado pela soma dos spins individuais –um número inteiro– e estes pares obedecem à estatística de Bose-Einstein.
É necessário que exista uma atracção entre os electrões e isso não acontece para electrões livres. Contudo, no metal os electrões estão confinados e interagem com os iões positivos da rede cristalina. Esta interacção é atractiva e dois electrões podem atrair-se na presença da rede polarizável (deformável). O mecanismo é o seguinte: Um electrão atrai os iões na sua vizinhança. Os iões respondem movendo-se ligeiramente na direcção do electrão criando um excesso de carga positiva à volta deste. Um segundo electrão é agora atraído pela polarização localizada à volta do primeiro electrão e desta forma os electrões sentem uma atracção efectiva. O que cada electrão vê não é a carga negativa do outro, mas a carga positiva devida à deformação da rede que ele provoca. O efeito é muito parecido ao que acontece se colocarmos dois berlindes num lenço mal esticado e em termos técnicos dizemos que a atracção electrónica é mediada por fonões (vibrações da rede). Uma analogia usada frequentemente para este acoplamento é a do colchão mole, onde duas pessoas rolam para o centro, não devido a uma atracção mútua, mas forçadas pela flacidez do colchão!
L. N. Cooper mostrou que dois destes electrões, na presença de todos os outros, se ligam com spins opostos e formam um par com spin zero (par de Cooper). O problema de muitos corpos (todos os electrões) foi finalmente resolvido por J. Bardeen, L. N. Cooper e J. R. Schrieffer, quase meio século depois da descoberta da supercondutividade. A teoria microscópica mostrou que a supercondutividade se baseia no facto de electrões com spins opostos adquirirem fortes correlações que os fazem entrar num estado coerente, insensível às pequenas perturbações da rede, do qual resulta a ausência de resistência eléctrica. A transição para o estado supercondutor é semelhante à condensação de Bose-Einstein. A teoria é conhecida por teoria BCS e os seus autores foram galardoados com o Prémio Nobel da Física em 1972.